quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Relatório 10 – Trabalho de Campo nas Comunidades de Sete Saltos de Cima (Ponta Grossa-PR) e Quilombo Palmital dos Pretos (Campo Largo-PR)

Nos dias 11, 12, 13 e 14 de outubro de 2018, dois integrantes do Grupo de Pesquisa Interconexões-UEPG, Prof.ª Dr.ª (Pós-Doutoranda PPGG) Tanize Tomasi e Msc. (Doutorando PPGG) Renato Pereira estiveram em imersão a campo para realizar a visita as unidades produtivas dos agricultores integrantes da Rede SAPE, que pertencem as comunidades rurais vizinhas de Sete Saltos de Cima e Quilombo Palmital dos Pretos, respectivamente nos municípios paranaenses de Ponta Grossa e Campo Largo. 
O trabalho de campo teve como principal finalidade realizar o cadastramento das mudas de árvores nativas para serem solicitadas ao Instituto Ambiental do Paraná para o melhoramento e implementação dos agroecossistemas dos agricultores que integram a Rede SAPE. Ao visitar os agroecossistemas efetuou-se a construção de croquis das áreas das unidades produtivas, para posterior modelização, identificação produtiva e vocativa de cada subunidade. Estes croquis integrarão o plano de manejo, documento necessário para o controle interno da Organização de Controle Social para avaliação da conformidade orgânica.
Alguns pontos importantes e trilhas foram marcados com a orientação do líder quilombola Arildo Portela de Moraes,  visando o levantamento das informações para a confecção dos mapas participativos de recursos sociais e ambientais. Para confirmar a importância dos pontos conversou-se com os moradores mais antigos e em uma entrevista semiestruturada pode-se acompanhar o entrelaçamento do passado e presente na fala de Sr. Domingos e Dona Leonilda.
Observou-se e registrou-se o início das obras das 14 casas que contemplaram famílias quilombolas pelo programa da COHAPAR – Companhia de Habitação do Paraná. E o anúncio pelo líder quilombola e distribuição de donativos, roupas, na sede da cozinha comunitária, que foram recebidos de escolas de Campo Largo-PR.
Início das obras da COHAPAR – Sr. Domingos e Dona Leonilda/Comunidade Quilombola Palmital dos Pretos Fonte: Tomasi, 2018.
No Sítio São Francisco de Assis, propriedade de Antônio Ostrufk, em Sete Salto de Cima, pernoitou-se durante o período de imersão e compartilhou-se de conversas durantes as refeições, no início ou finais dos dias. Tivemos o privilégio de acompanhar a rotina cotidiana em uma unidade produtiva agroecológica. Verificar o local de implantação da Estufa de hortaliças e árvores nativas. Identificar as possibilidades de novas famílias agricultoras para a rede. Saborear a agrobiodiversidade da produção orgânica. Apresentar o logotipo e logomarca da Organização de Controle Social que estamos ajudando a estruturar. A mesma foi apresentada para o líder quilombola e para o integrante João Carlos, que vem sendo um dos moradores atuantes do movimento de consolidação da rede.
O Grupo de Pesquisa Interconexões-UEPG agradece o suporte e o esforço dos moradores das Comunidades para a realização das atividades de pesquisa. Gratidão!

Relatório 09 – 10º Encontro Celebração da vida da Agricultura Familiar

Soleando a colheita aos 28 dias de julho de 2018 em terras agroecológicas da receptível comunidade rural de Sete Saltos de Cima em Ponta Grossa-PR, o Grupo de Pesquisas Interconexões-UEPG esteve em campo a convite dos anfitriões Asaeco (Associação Solidária da Agricultura Ecológica de Ponta Grossa e Região), Ceta (Centro de Estudos e Treinamento em Agroecologia) e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ponta Grossa, para participar e colaborar na coordenação do 10º Encontro “Celebração da vida da Agricultura Familiar”. 
Agricultura Familiar” Ao centro Antônio Ostrufk, fundador do Ceta e Asaeco, em atividade prático-agroecológica em sua propriedade Fonte: Tomasi, 2018.


Ao observar os passos de quem já caminhou para lá e para cá e fez da sua última paragem muitos caminhos para outros chegarem, em poucos minutos de conversa na roça a emoção de ver vidas ganhando chão fértil. A produtividade alicerçada à diversidade colorida, são tantas tonalidades entrelaçadas, seja aquelas comumente vistas e servidas as nossas mesas, como àquelas doutrora pisoteadas ou exterminadas e que agora se fazem alimento (Pancs). Até onde a vista alcança olhar, fomos olhados pelo novo, a possibilidade de plantar o respeito aos ciclos naturais. A potencialidade de se alimentar à produção dos elementos disponíveis na propriedade familiar e o entrelaçamento à vizinhança.

Foto 02 – 10° Encontro “Celebração da vida da Agricultura Familiar” Convidados manipulando a palhada em terra de pousio/recuperação da fertilidade Fonte: Tomasi, 2018.



A diversidade está nas formas que os produtores vivem seus lugares, Antônio Ostrufk, sua esposa Cida (Presidente da Asaeco), seu filho Luciano, nora Ana Paula e neta Ana Júlia, vivenciam o cotidiano de ser/estar agroecológico. Transgredindo o modo convencional de produzir para algo que justifica e enaltece a riqueza ambiental local.



As mãos de um produtor e incentivador dos estudos agroecológicos nos assegura a possibilidade de desenvolver técnicas e saberes pertencentes àqueles que fazem da terra sua morada, campo sagrado para trilhar histórias de vida. Antônio mais do que ninguém celebra a vida do trabalhador do campo e nos ensina a sermos atentos ao céus e terras entre os quais fazemos-nos vivos. O diálogo apurado de quem faz sua própria observação-participante, identificando as respostas que a própria natureza fornece a determinados cultivos. 



Solo com microorganismos ativos Fonte: Tomasi, 2018.

O Projeto Alimentando à Vida promove a inclusão de produtores que já desenvolvem práticas agrícolas familiares que sustenta a agrobiodiversidade local, e, mais do que isso possibilita a comercialização destes produtos. O alcance regional dá voz aos sujeitos invisibilizados que têm condições de participar do mercado local-regional com alimentos sustentáveis e saudáveis. A resistência por uma agricultura familiar sustentável pela agroecologia foi a grande temática deste 10º Encontro. 



Mucuna branca Fonte: Tomasi, 201



O Grupo de Pesquisa interconexões – UEPG agradece a parceria, e ressalta a importância dos esforços de todos os produtores, participantes e adeptos da agroecologia em unidades familiares.

Relatório de Campo 08 – 16ª Feira regional de sementes crioulas e da agrobiodiversidade e 2ª Festa dos guardiões das sementes – São João do Triunfo-PR

O Grupo Interconexões-UEPG e agricultores familiares, sujeitos do recorte espacial dos projetos de pesquisa e extensão, participaram nos dias 31 de agosto e 1 de setembro de 2018 da 16ª Feira regional de sementes crioulas e da agrobiodiversidade/2ª Festa dos guardiões das sementes, no Parque Municipal de Eventos Francisco Neves Filho em São João do Triunfo-PR. Um estande foi ocupado para a comercialização de produtos das comunidades rurais Sete Saltos de Cima,  Sete Saltos de Baixo (Faxinal) e Palmital dos Pretos (Quilombo).

Estande dos produtos dos agricultores
familiares de Itaiacoca (Ponta Grossa) e Três Córregos (Campo Largo) Fonte: Tomasi, 2018.
 


A participação dos agricultores projetou o panorama da produção existente em cada agroecossistema, outrora levantado nas pesquisas de campo. Uma agrobiodiversidade ressaltada por produtos in natura, processados e artesanais. Na feira destacou-se: mel, limão, ervas medicinais, erva-mate, conservas, pães, bolachas, sucos, geleias, doce de leite, melado, rapadura, artesanatos – tapetes de retalhos, crochê, bolsas de pano, cestarias de taquara,  sabonetes e monjolo de madeira.


Agrobiodiversidade das unidades produtivas em Itaiacoca (Ponta Grossa) e Três Córregos (Campo Largo) Fonte: Tomasi, 2018.
Os agricultores puderam ter contato com as práticas de comercialização e divulgação da sua produção, a troca de experiências e efetivação de novos contatos com outros agricultores. Também puderam realizar a troca e compra de sementes crioulas, e, a participação em oficinas específicas.
O Grupo de Pesquisa Interconexões-UEPG agradece a participação dos agricultores neste evento.

Por Tanize Tomasi – Pós-doutoranda do PPGG UEPG